sexta-feira, abril 07, 2006

Mouraz Lopes diz que não há escutas a mais

O ex-director-nacional adjunto da Polícia Judiciária (PJ) manifestou ontem uma posição contrária à expressa pelo recém-nomeado responsável máximo da instituição, Alípio Ribeiro, quanto ao "excessivo" número de escutas que actualmente se efectuam em Portugal. Mouraz Lopes, que se demitiu na passada segunda-feira, diz que "não há excesso de escutas". "Eu conheço a realidade", frisou, ontem, à margem de um colóquio sobre processo penal, na Universidade Lusíada do Porto.
"Há situações em que as escutas são necessárias, como é o caso do crime económico", reforçou o ex-responsável pela Direcção Central de Investigação da Criminalidade Económica e Financeira da PJ, que seguiu o passos do ex-director nacional, Santos Cabral.
Em relação a outro tipo de crimes, Mouraz Lopes admite, no entanto, que "não haja grande prejuízo se se optar pela limitação das escutas telefónicas".
Numa conferência sobre o segredo de justiça - Rui Sá Gomes, membro do Observatório da Criminalidade Organizada e Terrorismo foi o outro interveniente -, o ex-dirigente da PJ, manifestou-se a favor da sua abolição em crimes "fora do catálogo dos crimes de tráfico de droga, corrupção, peculato, crime violento e terrorismo".
"A maioria dos crimes pode ser investigada sem fase secreta", defendeu o juiz, que vai retomar funções no Tribunal da Figueira da Foz, mostrando-se ainda de acordo quanto às alterações em curso quanto a segredo de justiça. Sobre a PJ prefere, para já, manter-se em silêncio.

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