quinta-feira, abril 20, 2006
PS impede audição parlamentar de Santos Cabral
A maioria socialista inviabilizou ontem a audição parlamentar do ex-director da Polícia Judiciária. Uma posição justificada com o facto de não prolongar «o folhetim mediático» que começou quando Santos Cabral decidiu «fazer combate político ao Governo através dos jornais».
O deputado socialista Vitalino Canas afirmou que «os problemas se resolvem com serenidade», justificando desta forma o voto contra do PS ao requerimento apresentado pelo PSD para a audição do ex-director da Polícia Judiciária (PJ), Santos Cabral.
O requerimento dos sociais-democratas entregue na comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias requeria a audição «muito urgente» de Santos Cabral, na sequência das «insinuações e acusações» que o ministro da Justiça fez na semana passada sobre a falta de eficiência daquela polícia de investigação criminal.
«O ministro da Justiça fez aqui [na comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias] insinuações, ataques directos e intoleráveis à PJ e ao seu ex-director, acusações até difamatórias», recordou (...) o deputado do PSD Montalvão Machado.
«O ministro da Justiça claramente afectou o prestígio da PJ», considerou ainda o deputado do PSD Luís Montenegro, sublinhando que o seu partido «tem dúvidas quanto à veracidade das afirmações do ministro da Justiça».
No entanto, a audição de Santos Cabral acabou por ser inviabilizada pelos votos contra dos deputados socialistas, numa discussão em que PS e PSD trocaram acusações e que terminou com os sociais-democratas a dizer que depois de tudo o que se passou «o mínimo que devia ter acontecido» era a demissão do ministro da Justiça.
Montalvão Machado acusou ainda os socialistas de pretenderem impor «a lei da rolha» ao inviabilizar a audição de Santos Cabral.
«Não há razão nenhuma, objectiva ou subjectiva, que fundamente a vinda do ex-director da PJ», contrapôs o deputado socialista Ricardo Rodrigues, considerando que «o parlamento não é o fórum apropriado» para discutir a situação da PJ e acusando o PSD de apenas «pretender trazer para a praça pública questiúnculas que já estão ultrapassadas».
Pelo PCP, o deputado António Filipe manifestou igualmente a sua «incompreensão» pela recusa do PS em ouvir Santos Cabral no Parlamento, lembrando que «sempre que houve problemas na PJ, a comissão procedeu a audições», nomeadamente quando o agora deputado do PSD Fernando Negrão abandonou o cargo de director da PJ.
«O ministro pôs em causa a capacidade da PJ em proceder a investigações criminais e disse que tem trabalhado excessivamente para o arquivo. Isso merece esclarecimentos», sublinhou o deputado comunista.
A deputada do BE Ana Drago, partido que acompanhou o PSD e o PCP no voto favorável à audição de Santos Cabral, salientou também a necessidade de esclarecimentos por parte do ex-director da PJ, até porque «nos jornais o folhetim continua».
Em declarações à Lusa na passada quarta-feira, o ex-director nacional da PJ já tinha manifestado a sua disponibilidade para ir ao Parlamento esclarecer a sua demissão, considerando que, «a bem da PJ, a situação deve ser ultrapassada e esclarecida o mais rapidamente possível».
Fonte: Lusa e Expresso Online
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