terça-feira, abril 04, 2006

«Governo tem dado sinais de querer controlar a justiça»


O líder do PSD acusa o Governo de ter lançado na PJ a instabilidade que levou à demissão do seu director e de dar muitos sinais de querer controlar a justiça portuguesa e lamenta que o Executivo tenha colocado a PJ numa «situação grave».

À entrada de uma reunião na sede do PSD Viseu, Marques Mendes lamentou que o Governo tenha colocado a PJ numa «situação grave», demonstrando que «convive mal com uma justiça independente», ao criar «permanentes conflitos com a justiça e magistrados e agora também a com a PJ».

«O Governo tem dado muitos sinais de querer controlar a justiça, o que não é bom. Espero que não tenha essa tentação», disse aos jornalistas.

Na sua opinião, o Governo «tentou asfixiar financeiramente a PJ, o que é lamentável» e também fragilizá-la, ao tentar retirar-lhe as ligações com a Interpol e Europol.

A demissão de Santos Cabral acontece poucos dias depois de a direcção nacional da PJ ter ameaçado demitir-se na sequência da possibilidade, entretanto afastada pelo Governo, daquela polícia de investigação criminal ficar sem o pelouro das Relações Internacionais (que inclui as ligações à Interpol e à Europol).

O novo director-nacional da PJ é Alípio Ribeiro, que tinha sido nomeado procurador-geral distrital do Porto há um ano.

Com este conflito, «o Governo enfraqueceu a PJ, uma das polícias mais respeitáveis e necessárias», considerou Marques Mendes.

O líder social-democrata apelou à nova direcção da PJ que seja «isenta e que promova a investigação criminal sem qualquer tipo de intromissão do poder político».

E garantiu que vai estar atento ao desenvolver dos trabalhos da nova direcção, fazendo votos para que «o Governo não tenha a tentação de se envolver e imiscuir na actividade da PJ».

Segundo um comunicado do Ministério da Justiça, o ministro Alberto Costa «informou hoje pessoalmente» o director-nacional da PJ, Santos Cabral, de que «foi posto termo à respectiva comissão de serviço, com efeitos imediatos».

A demissão resulta de um despacho conjunto do primeiro- ministro, José Sócrates, e do ministro da Justiça, lê-se no comunicado.


Fonte: Expresso Online

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