segunda-feira, abril 03, 2006
Alberto Costa procura nomes para a Judiciária
A demissão da direcção da Polícia Judiciária está em cima da mesa da reunião de hoje entre Alberto Costa, ministro da Justiça, e Santos Cabral, director da PJ.
Ao que o DN apurou, Alberto Costa tem estado a ponderar em nomes para substituir a actual direcção, que ameaçou demitir-se na semana passada e que vai hoje fazer mais exigências ao ministro da Justiça. Alberto Costa tem sido pressionado dentro do Governo, nomeadamente pelo número dois, António Costa, para demitir a direcção da PJ depois do ultimato da semana passada. Até ao momento, optou por não o fazer, mas a reunião de hoje será decisiva quanto a essa matéria.
No seio da corporação policial parece ser consensual que Santos Cabral só deve manter-se no cargo se constatar que continua a ser o fiel depositário da necessária confiança política. Mas, claro, isso supõe que o ministro também o ouça e acate o que tiver para exigir.
Desde logo, o director nacional vai hoje descrever o sentimento no interior da instituição, onde está instalada a indignação contra aquilo que os inspectores ouvidos pelo DN denominam "esvaziamento de competências" da PJ, a favor da PSP e da GNR. "Numa guerra entre Costas, se a vitória for de António, então Cabral só tem mesmo uma saída: a demissão", afirmou um inspector ao DN.
Perder a tutela da Interpol e da Europol está fora de questão para a equipa de Santos Cabral. O assunto mantém-se em aberto, embora já relegado para posteriores núpcias.
A direcção da PJ está também contra o Plano de Coordenação das Forças de Segurança, a que José Sócrates vai dar o seu aval. Em causa está o chamado "princípio da territorialidade", que coloca a PJ sob o comando operacional da PSP ou da GNR em caso de incidente inesperado. "Os inspectores não estão habituados a tanta subalternização", disse ao DN fonte da Judiciária. Há ainda uma questão central: a PJ está a viver "financeiramente no fio da navalha". Se o ministro da Justiça obrigar, hoje, a instituição a recorrer à antecipação de duodécimos ou à flexibilização das rubricas, o director nacional, cansado das gestões apertadas, poderá dar um murro na mesa e bater com a porta. E não está a ser fácil, nem vai ser fácil, encontrar quem o substitua. Na actual conjuntura económica, o cargo é pouco apetecível. As finanças da PJ, com uma desorçamentação avaliada em cerca de 10 milhões de euros, serão o assunto quente da reunião.
A Polícia Judiciária está também no epicentro de uma polémica que, no Governo, opõem António e Alberto Costa. Alberto Costa tem dúvidas sobre o Plano Coordenador de Segurança que a PJ considera ilegal, mas José Sócrates apoia o documento já aprovado por António Costa.
Fonte: Diário de Notícias
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