domingo, fevereiro 05, 2006

Suicídio nas prisões portuguesas aumenta


O suicídio é a segunda maior causa de morte dentro das prisões portuguesas. Entre 2004 e 2005, cerca de 30 reclusos conseguiram pôr termo à vida. A falta de acompanhamento psicológico especializado é a principal crítica feita ao sistema prisional.

De acordo com dados do último relatório da Direcção-Geral dos Serviços Prisionais (DGSP), o suicídio nas nossas cadeias tem aumentado de ano para ano. A maioria das mortes aconteceu nos estabelecimentos prisionais de Lisboa, Porto e Linhó. O enforcamento e a auto-mutilação são as formas mais comuns.

De acordo com o mesmo documento «os serviços têm mantido uma política de sensibilização para a prevenção destas ocorrências». No entanto, «não é suficiente», afirma o psicólogo criminal Carlos Poiares, acrescentando que estas situações são fáceis de prever se houver uma boa triagem e acompanhamento dos reclusos e presos preventivos.

Para a DGSP «são muitas as causas do suicídio e difíceis de prever». A longa duração das penas, toxicodependência e problemas psicológicos são alguns dos motivos conhecidos.

«Não nos podemos esquecer que não é só a liberdade que é retirada, mas também outros bens essenciais, como a vida afectiva e sexual», salienta Carlos Poiares. «Nas prisões não existem psicólogos especializados na área da reclusão. Misturar as coisas não faz sentido, nem traz resultados», critica.

Entre as medidas que deveriam ser aplicadas, o psicólogo criminal sublinha o «Plano Individual de Readaptação» presente na lei «há mais de 20 anos», mas que «nunca foi posto em prática». «Em Portugal as coisas não avançam ou por falta de dinheiro, ou por falta de vontade política. Neste caso é pelas duas coisas», conclui.


Fonte: Expresso Online

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