quarta-feira, novembro 09, 2005

Suspeito de homicídio de polícias da Amadora começa hoje a ser julgado na Boa Hora


O luso-brasileiro Marcus José Fernandes, suspeito da morte a tiro de dois agentes da PSP, a 20 de Março último, na Amadora, começa hoje a ser julgado por duplo homicídio no Tribunal Criminal da Boa Hora, em Lisboa.

O suspeito, de 31 anos, está em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional do Linhó, Sintra, depois de ter sido detido pela secção de homicídios da Polícia Judiciária (PJ) numa casa na freguesia de Melides, Grândola, um dia depois de, alegadamente, ter cometido o duplo homicídio.Na altura em que deteve Marcus Fernandes no litoral alentejano, a polícia encontrou um arsenal de armas de guerra na casa que ocupava em Melides, tendo-se iniciado uma investigação por alegado tráfico de armas. Esse processo vai decorrer em separado.

Os dois agentes da PSP foram mortos no bairro da Falagueira, Amadora, perto de um bar de alterne. Três polícias num carro patrulha abordaram o suspeito na tentativa de o identificar, depois de este ter causado distúrbios e feito ameaças dentro do estabelecimento nocturno.

Marcus Fernandes terá então empunhado uma pistola de calibre 9 milímetros (arma de guerra e interdita a civis), vindo a abater com vários tiros dois dos polícias. O terceiro escondeu-se no declive de um ribeiro próximo, evitando assim ser alvejado pelo suspeito, que entretanto fugiu de carro.

A detenção do suspeito, bem como a identificação de dois outros homens que o terão conduzido à casa onde se refugiou, próximo de Melides, ocorreu depois de a PJ ter obtido declarações de uma brasileira com quem Marcus Fernandes mantivera uma relação.No interior da casa alentejana foram encontradas dezenas de armas de guerra e milhares de munições, bem como centenas de fotografias tiradas em palcos de guerra, nomeadamente na Bósnia, onde se presume que o suspeito tivesse participado em acções militares.

As vítimas foram os agentes António Carlos Fernandes Abrantes, 30 anos, natural da Guarda, e Paulo Jorge de Oliveira Alves, 23 anos, de Rio Tinto, ambos da Esquadra da PSP da Mina, Amadora.A defesa de Marcus Fernandes chegou a estar a cargo do advogado José Maria Martins, que disse à Lusa que já não é o representante do arguido, escusando-se a adiantar pormenores sobre esta alteração.

Segundo notícias publicadas em Setembro, José Maria Martins preparava-se para pedir a inimputabilidade do réu, alegando que este sofria de doença mental, depois de ter sido acompanhado clinicamente, na prisão, pelo psiquiatra Afonso de Albuquerque.

Nos últimos anos, Marcus Fernandes, suspeito também de ter praticado um assalto violento no Brasil, que provocou a morte a uma criança, viveu na Póvoa do Varzim, depois de ter estado emigrado na Suíça.

A sua chegada, hoje, ao Tribunal da Boa Hora deverá ser rodeada de forte segurança, com a presença de elementos do Grupo de Intervenção dos Serviços Prisionais.

Marcus Fernandes, filho de emigrantes portugueses, vai ser julgado pelo colectivo de juízes da 9.ª vara, 3.ª secção, formado por Ana Paula Conceição (presidente), Pedro Cunha Lopes e Rosa Brandão.
A acusação está a cargo do procurador do Ministério Público José António Espada Nisa.

por José Bento Amaro in publico.pt, via lusa.pt

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