terça-feira, novembro 22, 2005

Alegados etarras mudos no tribunal


Acusação pede penas entre 10 e 51 anos de prisão para os 56 arguidos, acusados de estarem ligados à ETA

O primeiro dos 56 arguidos, no que é considerado como o maior processo judicial em Espanha, recusou responder às perguntas da acusação, posição que deverá ser repetida pelos restantes. Os arguidos são acusados de pertencerem a organizações que a a Audiência Nacional espanhola diz estarem ligadas ao grupo separatista basco ETA. Bixente Askasibar, da organização política KAS, considerada um dos "braços políticos" da ETA, recusou a responder ao procurador Enrique Molina e ao advogado da Associação de Vítimas do Terrorismo (AVT). A sua posição deverá ser seguida pelos demais arguidos, que contestam a acusação e afirmam-se vítimas de "um julgamento político". A apoiá-los tiveram alguns membros do Governo basco, que criticaram a maneira como o processo se desenrolou.

Perante a recusa do arguido, o procurador optou por ler as 94 perguntas que já tinha preparadas, fazendo o mesmo em seguida com Emílio Múrcia, advogado da AVT.

O processo, que culmina uma investigação de oito anos, tem o número 18/98 e está explicado ao longo de 600 volumes, com cerca de 200 mil páginas no total. Além dos 56 arguidos, envolve 300 testemunhas e mais de 60 especialistas.

O juiz da Audiência Nacional pede penas, para os arguidos, entre 10 a 51 anos de cadeia pelos crimes de colaboração e integração em organização armada, e outros delitos contra a Segurança Social e a Fazenda, contabilidade e falsificação documental.

O juiz recusou a suspensão do processo entre arguidos que se apresentaram com cartão de identidade basco e camisolas onde se lia "18/98 pelos direitos civis e políticos".

No essencial, a acusação resulta de operações policiais desencadeadas em 28 de Maio de 1998, com o caso "Ekin", quando o juiz Baltasar Garzon desmantelou uma rede de empresas que, segundo ele, davam cobertura a etarras fugidos para a América Latina. Depois, estabeleceu a relação entre a ETA e essas empresas, acusando-as de estarem ao serviço daquela organização armada.

Segundo Garzón, os arguidos eram membros da KAS e da Ekin, organizações consideradas braços políticos da ETA, da Fundação Joxemil Zumalabe, entidade que geria as outras organizações e empresas, entre elas a editora responsável pelo jornal "Egin", encerrado em Julho de 1998.

in jn.sapo.pt

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