sábado, janeiro 28, 2006

Abrigo para mulheres pronto há quatro anos ainda não abriu


Equipamento de apoio a vítimas de violência construído pela autarquia aguarda por acordo da Segurança Social para começar a funcionar. APAV diz que há falta destes espaços.

Uma casa-abrigo construída pela Câmara Municipal de Lisboa (CML) para acolher mulheres vítimas de violência, pronta desde 2002, nunca entrou em funcionamento, mas já está a ser alvo de obras de conservação. O equipamento, que será gerido pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), deveria ter entrado em funcionamento há quase quatro anos mas, ainda hoje, ninguém sabe quando poderá começar a acolher as primeiras vítimas.

João Lázaro, secretário-geral da APAV, explicou ao JN que a "instabilibildade governativa" dos últimos anos e o facto da continuidade da própria associação ter estado em risco não contribuíram para o avanço do projecto, concretizado durante a presidência de João Soares na autarquia.

"Só em Maio do ano passado é que foram ligadas as redes públicas de água e electricidade", disse o responsável da APAV, adiantando que isso era essencial para avançar com as obras de conservação agora em curso. Durante o mês de Fevereiro, João Lázaro espera que seja instalado o equipamento e o mobiliário, também parcialmente custeados pelo município. Para a abertura da casa só falta saber quando é que será assinado o acordo de cooperação com o Centro Regional de Segurança Social, que irá assegurar os custos de funcionamento e da contratação de pessoal.

"O pedido foi renovado no final do ano passado. Estamos a aguardar uma resposta", disse João Lázaro, revelando ter "expectativa" de conseguir abrir a casa até ao final do primeiro semestre deste ano. "É evidente que o atraso é enorme. Tomáramos ter tido condições para a abrir há três anos", disse, adiantando que "existe uma clara falta de lugares de acolhimento em Lisboa".

O projecto da casa-abrigo - o primeiro da APAV em Lisboa - está preparado para acolher entre 16 e 18 mulheres e os respectivos filhos. O objectivo é que, durante a sua permanência, "as mulheres consigam trilhar um novo projecto de vida, reforçando as suas competências pessoais e profissionais".

Números

16
mulheres é a lotação da casa-abrigo que a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) espera conseguir abrir, em Lisboa, até ao final de Junho. O espaço está preparado para acolher também os filhos das vítimas.

8 a 9
meses é o tempo que as mulheres deverão permancer na casa. O prazo é "meramente indicativo" porque depende do tempo que levem a conseguir reorganizar a sua vida.

2295
casos foram acompanhados pelo gabinete de Lisboa da APAV entre Janeiro e Setembro de 2005. Este valor corresponde a 39,9% do total de casos a nível nacional, que atingiu 5776.

Fonte: Jornal de Notícias

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