domingo, dezembro 18, 2005

Bush autorizou escutas sem mandado judicial


Chamadas e correio electrónico de milhares de pessoas vigiados nos últimos três anos.
Presidente mantém método se país continuar ameaçado.

O presidente dos Estados Unidos, admitiu, ontem, ter autorizado uma das mais importantes agências de informações secretas, a Agência Nacional de Segurança (NSA), a fazer escutas a pessoas "conhecidas pelas suas ligações à al-Qaeda. Fiz isso nas semanas a seguir aos atentados do 11 de Setembro de 2001, em conformidade com o direito e a Constituição norte-americanos de interceptar as comunicações internacionais de pessoas conhecidas pelas suas relações com a al-Qaeda e as organizações terroristas a ela ligadas", declarou.

Na alocução semanal ontem difundida, o presidente dos Estados Unidos disse que os procedimentos que autorizou "ajudaram a detectar e impedir possíveis atentados no território norte-americano e no estrangeiro".

É a primeira vez que Bush comenta publicamente informações do jornal "New York Times", que, anteontem, noticiou que o presidente assinou, em 2002, uma ordem que permite à NSA espiar as comunicações telefónicas e electrónicas dos EUA para o estrangeiro, sem solicitar previamente um mandado judicial.

Bush sublinhou também que estas escutas faziam parte de um programa secreto que permite "estabelecer relações entre as redes terroristas, o que é essencial para a segurança" dos Estados Unidos.

Segundo o "New York Times", as chamadas e a correspondência electrónica de várias centenas, talvez mesmo milhares, de pessoas que se encontram nos Estados Unidos, foram escutadas durante os três últimos anos.

Por outro lado, o presidente norte-americano responsabiliza o jornal pelo facto de "agora, os nossos inimigos conhecerem uma informação que não deveriam ter".

Bush acrescentou que o programa de espionagem é revisto de 45 em 45 dias e insistiu que o autoriza para "defender os norte-americanos".

"Já dei a minha autorização mais de 30 vezes desde os atentados de 2001 e tenho a intenção de voltar a fazê-lo enquanto o nosso país continuar ameaçado pela al-Qaeda ou grupos similares", afirmou.

Bush também se referiu ao bloqueio no Senado da renovação de várias medidas do Patriot Act, dizendo que alguns senadores actuam de forma "irresponsável" e que, com os seus actos, não permitem "proteger o país".

As revelações do "New York Times" tiveram uma repercussão considerável no Congresso. Arlen Specter, um influente senador, presidente da comissão de Assuntos Judiciais, disse que estas medidas terão um impacto "não só muito problemático, mas também devastador" no futuro do Patriot Act".

in jn.sapo.pt

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