quarta-feira, maio 17, 2006

Advogados: Uma classe heterogénea com centro em Lisboa


Uma classe heterogénea, atravessada por clivagens notórias e conflitos, mas onde os problemas são muitas vezes os mesmos, como as baixas remunerações, assalariamento, imagem pública negativa e número exagerado de profissionais.

O último inquérito realizado à classe em 2005 aponta Lisboa como o grande centro da advocacia portuguesa, sendo na capital que se concentram cerca de 50% dos membros da classe.

Mas ser advogado a tempo inteiro não é regra geral na advocacia, já que apenas 43% dos profissionais dedicam 100% do seu tempo profissional a esta actividade. A fatia mais mediática da classe é aquela que se inclui nas sociedades de advogados, mas este facto não é sinónimo de que seja esta a forma de associação que prolifera no país. Contra os 59,3% de advogados que exerce a profissão de forma individual e independente, existem apenas 6% de sócios em sociedades. Os grandes clientes continuam a ser uma minoria e não se encontram ao alcance de todos os advogados portugueses. O padrão do cliente é claramente dominado pelos particulares e pelas pequenas e médias empresas. Mais de metade dos advogados não tem qualquer acesso a instituições/organismos públicos, associações ou fundações de direito privado e clientes estrangeiros fora da União Europeia. A falta de condições dos estagiários também é outras das queixas recorrentes.

As baixas remunerações são um dos principais problemas, com apenas 3% dos advogados a obterem uma remuneração elevada, que em metade dos casos ronda, em média, mais de dez mil euros por mês. Na outra fatia ficam os advogados que por mês excedem os vinte mil euros de salário. Os ramos de direito mais tradicionais, como o civil, o penal ou o trabalho, são os que predominam como actividades principais da maioria dos nossos advogados.

Por Márcia Galrão, in Diário Económico

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