domingo, maio 21, 2006

ADICTOLOGIA


Internet, telemóvel, compras, jogo ou sexo são cada vez mais dependências.

Os técnicos da área da toxicodependência começam a confrontar-se com a emergência de novos vícios sem drogas, como estar «agarrado» à Internet, ao telemóvel, às compras ou ao jogo, chegando mesmo estes doentes a «ressacar» quando não consomem, escreve a Lusa.

Embora com implicações muito diferentes das que decorrem do uso de drogas, estas patologias carecem igualmente de tratamento, sob pena do viciado poder viver situações dramáticas.

Em entrevista à agência Lusa, o psiquiatra Luís Patrício, que dirige o Centro de Atendimento a Toxicodependentes (CAT) das Taipas, em Lisboa, sublinhou que a sociedade de consumo e o aumento da oferta estão a criar fortes dependências patológicas sem substâncias psicoactivas (drogas), não só nos toxicodependentes em tratamento como no cidadão que nunca consumiu qualquer droga lícita ou ilícita.

Luís Patrício vai mesmo mais longe e argumenta que «cada vez mais deixamos de falar em toxicodependência para começarmos a falar de adictologia».

Luís Patrício frisou que a derivação do consumo de heroína ou cocaína para o álcool ou para «a batota» era relativamente comum, mas os técnicos constatam também uma crescente derivação para as compras compulsivas, o vício da Internet, os jogos de consola, o telemóvel e o sexo, criando dependências patológicas.

De acordo com o psiquiatra, «isto cria vivências muito angustiantes para o próprio, para as pessoas que vivem com ele, tem sequelas a nível do trabalho e a nível das actividade lúdicas», pois em vícios como o da Internet as pessoas «não saem sequer de casa».

No caso da dependência patológica da Internet, Luís Patrício deu como exemplo casos de doentes que estão 18 ou 19 horas «agarrados» ao computador, «não importa a fazer o quê, a falar com quem, a consultar o quê».

«Então falamos de quê hoje em dia em termos de dependências patológicas sem substâncias? Falamos de Internet, de jogos vídeo, jogos de consola, do telemóvel, do sexo patológico, que inclui também as linhas telefónicas eróticas. Dependência de televisão, dependência de filmes».

A nível de exemplos destas patologias, Luís Patrício referiu o caso de uma pessoa que com uma vida sexual organizada, mas que dia sim, dia não, precisava de ter mais um comportamento sexual, habitualmente com algum risco físico, acabando por recorrer à prostituição.

No caso dos telemóveis, o doente «não é capaz de estar sem ele. Há que jogar, enviar mensagens, falar. É uma relação de tal maneira intensa com o objecto, que chega mesmo a provocar determinado tipo de lesões nos dedos por teclar».

Fonte: Lusa e Portugal Diário

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