quinta-feira, março 01, 2007

ONU contra 'salas de chuto'


A criação de espaços para consumir droga com assistência médica, realça ainda o documento referente a 2006, acarreta também o uso, com «toda a impunidade», nesses locais, de estupefacientes adquiridos no «mercado ilícito».

Alguns países da Europa, como a Suíça e a Holanda, já criaram «salas de chuto» e em Portugal a sua criação está na ordem do dia, havendo já municípios, como o de Lisboa, com projectos para avançar com a sua instalação.

O PS, no Governo de António Guterres, fez aprovar no Parlamento uma proposta de despenalização das drogas leves e que admitia a possibilidade de virem a ser criadas 'salas de chuto', beneficiando dos votos de PCP, Bloco de Esquerda e Partido Ecologista Os Verdes.

Os defensores da sua criação argumentam que são uma forma de garantir a poio médico e social aos toxicodependentes, diminuindo a proliferação de doenças associadas ao consumo de drogas e o acompanhamento dos drogados com o objectivo de conseguir a sua cura.

Os opositores consideram que se trata da legalizar e fomentar o consumo das chamadas drogas duras, de que o principal exemplo é a heroína.

O OICE, uma estrutura das Nações Unidas, insurge-se contra as salas de injecção de drogas porque vai permitir o uso e consumo de estupefacientes obtidos de forma ilegal.

Portugal volta a ser citado no relatório como uma das duas principais portas de entrada de cocaína na Europa, juntamente com Espanha, registando um aumento de apreensões de 125 por cento entre 2004 e 2005.

Neste último ano, foram apreendidas no país 19 toneladas de cocaína, que a OICE quantifica como 20 por cento de toda a quantidade daquela droga apreendida nos Estados membros da União Europeia.

Portugal é também apontado, igualmente a par com Espanha, como um dos «principais pontos» de transbordo dos carregamentos de haxixe com destino à Europa produzidos em Marrocos.

O haxixe, de acordo com o Órgão, continua a ser a droga mais consumida na Europa e os países do topo da tabela são a Dinamarca, França, República Checa e Reino Unido.

Estimativas do Observatório Europeu das Drogas e das Toxicodependências citadas no relatório indicam que nos Estados da UE, Noruega, Islândia, Suíça e Liechtenstein seis por cento da população (20 milhões de pessoas) consumira haxixe pelo menos uma vez na vida.

Já quanto à cocaína, os maiores índices de consumo foram detectados em Espanha e Reino Unido, enquanto entre a taxa de toxicodependentes europeus em tratamento, os dependentes de cocaína representam dez por cento do total.

Quanto aos «novos problemas» detectados no universo das toxicodependências, o alerta vai para a falsificação ou imitação fraudulenta (contrafacção) de medicamentos, que citando dados da organização Mundial de Saúde, a OICE diz ser de entre 25 a 50 por cento dos fármacos consumidos nos países em desenvolvimento.

E acentua mesmo que o seu uso pode ser fatal, referindo que a administração de uma vacina de contrafacção no Níger, em 1995, causou 2.500 mortes.


Posição da ONU não é motivo para abandonar projecto salas de chuto

O Presidente do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT) disse hoje que a posição da ONU contrária às salas de chuto não é «motivo bastante para o Instituto abdicar de uma ideia que tem defendido».

João Goulão disse que apesar de ter em consideração a opinião deste órgão da ONU, o Instituto entende que não é motivo suficiente para desistir de uma ideia que tem vindo a defender, declarou à Lusa.

O director do IDT realçou também a experiência bem sucedida de outros países para justificar a opinião do Instituto.

«Não é tão líquido assim que (as salas de chuto) desrespeitam as regras internacionais», referiu, adiantando que as salas são uma forma dos toxicodependentes terem contacto com o Serviço Nacional de Saúde e poderem optar por tratamento.

João Goulão disse ainda que a posição do OICE sobre as salas de chuto é «conhecida, recorrente e não surpreende».

Lusa/SOL

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