quarta-feira, julho 11, 2007

SIRP diz desconhecer espionagem a magistrados

O Serviço de Informações da República Portuguesa, SIRP, não tem qualquer conhecimento da operação de espionagem feita pelos Serviços Secretos Militares Italianos (SISMI) a cerca de 200 magistrados. Alguns desses magistrados pertenciam à MEDEL - Magistrados Europeus pela Democracia e as Liberdades - associação da qual fazem parte a Associação Sindical dos Juízes Portugueses e o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público. Tanto António Martins, como António Cluny, que ocupa, actualmente, o cargo de vice-presidente da MEDEL, exigem que o Governo português peça explicações às autoridades italianas e pretendem saber se o relatório que resultou dessa operação da secreta militar italiana foi enviada aos serviços secretos portugueses.

O gabinete do primeiro ministro português, assim como o do Ministério da Justiça, contactados pelo JN, não quiseram comentar este assunto. O Porta-voz do SIRP disse não ter "qualquer informação" sobre a operação da secreta italiana.

A MEDEL, num comunicado emitido no dia cinco, denunciou a operação, da qual ficou a saber através de um parecer/denúncia do Conselho Superior da Magistratura italiano produzido na véspera. Os Serviços Secretos Militares Italianos acederam ao mailing list da MEDEL e elaboraram relatórios com "informações tendenciosas e fraudulentas sobre a actividade dos seus membros". A espionagem foi feita entre 2001 e 2006, durante o governo Berlusconi.

A operação foi descoberta durante buscas realizadas pelo Ministério Público italiano, em Julho de 2006, a escritórios do SISMI, em Roma. Alguns dos relatórios apreendidos referiam a vigilância a juízes "portadores de pensamentos e estratégias desestabilizadoras". Uma magistrada que dirigiu investigações contra Berlusconi figurava na lista.
Por Clara Vasconcelos, in Jornal de Notícias.

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