A vida e a morte juntas no rosto de um doente terminal. O trabalho de um fotógrafo e jornalista resultou na exposição «Amor-te», inaugurada terça-feira em Lisboa.
«O fotógrafo alemão Walter Schels e a jornalista Beate Lakotta, do Der Spiegel, são casados e têm 30 anos de diferença de idade». Essa preocupação - «o que farás quando eu morrer? Como será quando morreres?» - levou-os a procurar doentes terminais e a seguir o percurso por hospitais e tratamentos. Esta foi a ideia que deu origem à exposição, explica Rui Pereira, comissário da mostra, patente no Museu da Água.
Na exposição fotográfica, diz o comissário ao PortugalDiário, «há uma chamada de atenção para o problema dos cuidados paliativos» e também uma representação artística, que no caso do fotógrafo começou há uns anos com fotografias de bebés acabados de nascer. «Completa-se assim o ciclo da vida», afirma Rui Pereira.
Enquanto Schels fotografou, Lakotta acompanhou as histórias de vida de doentes terminais que se desenrolaram durante meses: nesses textos, que acompanham as imagens, é possível ler como cada pessoa encara a morte. «Uns desejam a morte como fim do sofrimento. Outros sentem-se revoltados com o que lhes aconteceu», diz o comissário da exposição.
A expressão «Amor-te» foi encontrada pela Lais de Guia que traz a exposição a Lisboa. «São duas palavras fortes: Amor e Morte».
Fortes são também as expressões dos retratados. Em vida, estas são carregadas de dor, de sofrimento, de desesperança. Depois, pos-mortem, as faces surgem serenas, pacíficas. Nenhuma das imagens foi retocada, mas o impacto no público é evidente: «Não queremos chocar ninguém. Não é uma exposição-choque. Pelo contrário, queremos que as pessoas saiam daqui com um sentido mais apurado de vida. Há quem saia a chorar, porque, de uma forma ou doutra, já todos passamos por esta experiência, de ver morrer alguém que amamos.»
«Amor-te» está patente todos os dias, domingo inclusive, das 10horas às 18horas, no Museu da Água, e à exposição está associada a AMARA - Associação para a Dignidade da Vida Humana.
O foi realizado em 2003 e recebeu vários prémios internacionais. Instalado no Museu da Água, o ambiente torna-se uma alegoria desta exposição. «Ao fundo ouve-se água a cair. No fundo, é uma alegoria: a vida começa na água» e termina aqui.
Fonte: Portugal Diário
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