Estamos em 2014. A história dos media começa em 1989, ano em que Tim Berners-Lee descobriu a World Wide Web. O resto é pré-história. A junção do Google com a Amazon destronou o império da Microsoft e o gigante New York Times perdeu no Supremo Tribunal de Justiça norte-americano um processo contra o Google, que acusava de violar os direitos de autor dos seus jornalistas por uso indevido dos textos do jornal. O New York Times sai da Net e passa apenas a existir em papel, numa edição reduzida, de luxo, dedicada a uma elite envelhecida.
Este cenário ficcionado e futurista dos media, traçado por dois jovens jornalistas, Matt Thompson e Robin Sloan, num filme de oito minutos, chamado Epic 2014 (com uma versão actualizada para 2015), que pode ser visto em http://epic.makingithappen.co.uk/ , não está muito longe do que pode acontecer. E a ficção traçada por Thompson e Sloan até já foi, em alguns pontos, traída pela própria realidade. Em Setembro, um grupo de jornais belgas ganhou um processo contra o gigante Google, que acusavam de violar os direitos de autor por usar material desses jornais no portal sem autorização. Estava lançado o debate sobre este assunto na imprensa mundial. O futuro é hoje.
"Se algo pode ser dito em relação ao jornalismo do futuro, tendo em conta o que conhecemos do arranque do século XXI, é que este será um século de mudança e de escolhas. O jornalismo do futuro envolverá todos os tipos de media: velhos e novos, para minorias e para as massas, o pessoal e o global. Vai envolver a combinação de palavras, imagens e som. E será veiculado não só pelos jornalistas mas também pela sua audiência, tal como já é claro hoje", defende Janet Kolodzy, professora do departamento de jornalismo do Emmerson College de Boston no seu mais recente livro Convergence Journalism (disponível no site da Amazon).
A investigadora aproveita, sobre este assunto, para citar Charles Dickens: "Este é o melhor dos tempos e o pior dos tempos". Ou seja: "A oferta, quer para os jornalistas quer para as audiências, parece multiplicar-se infinitamente. Mas a fragmentação das audiências e a concentração empresarial afigura um terrível cenário."
O "melhor dos tempos e pior dos tempos", referido por Janet Kolodzy, pode traduzir-se numa só palavra: convergência. A palavra ecoa desde Agosto de 2005, altura em que o prestigiado The New York Times anunciou que estava a preparar a integração das suas redacções on-line e off-line e em que começou a preparar uma viragem na oferta de produtos, com vídeo e som na Net complementares ao trabalho de excelência do suporte papel. Ao New York Times sucederam-se outros exemplos de integração das redacções com o objectivo de alimentar esta convergência de meios no campo de batalha que é hoje a Net: o Times, o Daily Telegraph e mais recentemente o Financial Times, que mudou este mês toda a estrutura física da sua redacção para servir esta nova lógica. E ainda títulos como o Washington Post, El País ou The Guardian - que esta semana anunciou o arranque do seu primeiro serviço de vídeo - têm vindo a apresentar gradualmente novas formas de apresentar os seus produtos.
"Convergência" é a palavra em que todos os media pensam hoje. O primeiro passo rumo a essa convergência é reduzir a cinzas as barreiras que separam os jornalistas convencionais e jornalistas on-line. Mas o ritmo frenético a que esta corrida está a desenvolver-se levou já o Fórum Mundial de Editores a lançar questões e sugerir regras sobre o melhor modo de o fazer, num artigo de análise publicado no blogue da organização, em http://www,editorsweblog.org: "E se a indústria estiver a andar depressa demais rumo à unificação de media demasiado dispares? Será que a convergência deve ser feita com mais cuidado?"
Por Ana Machado, in PUBLICO.PT
Este cenário ficcionado e futurista dos media, traçado por dois jovens jornalistas, Matt Thompson e Robin Sloan, num filme de oito minutos, chamado Epic 2014 (com uma versão actualizada para 2015), que pode ser visto em http://epic.makingithappen.co.uk/ , não está muito longe do que pode acontecer. E a ficção traçada por Thompson e Sloan até já foi, em alguns pontos, traída pela própria realidade. Em Setembro, um grupo de jornais belgas ganhou um processo contra o gigante Google, que acusavam de violar os direitos de autor por usar material desses jornais no portal sem autorização. Estava lançado o debate sobre este assunto na imprensa mundial. O futuro é hoje.
"Se algo pode ser dito em relação ao jornalismo do futuro, tendo em conta o que conhecemos do arranque do século XXI, é que este será um século de mudança e de escolhas. O jornalismo do futuro envolverá todos os tipos de media: velhos e novos, para minorias e para as massas, o pessoal e o global. Vai envolver a combinação de palavras, imagens e som. E será veiculado não só pelos jornalistas mas também pela sua audiência, tal como já é claro hoje", defende Janet Kolodzy, professora do departamento de jornalismo do Emmerson College de Boston no seu mais recente livro Convergence Journalism (disponível no site da Amazon).
A investigadora aproveita, sobre este assunto, para citar Charles Dickens: "Este é o melhor dos tempos e o pior dos tempos". Ou seja: "A oferta, quer para os jornalistas quer para as audiências, parece multiplicar-se infinitamente. Mas a fragmentação das audiências e a concentração empresarial afigura um terrível cenário."
O "melhor dos tempos e pior dos tempos", referido por Janet Kolodzy, pode traduzir-se numa só palavra: convergência. A palavra ecoa desde Agosto de 2005, altura em que o prestigiado The New York Times anunciou que estava a preparar a integração das suas redacções on-line e off-line e em que começou a preparar uma viragem na oferta de produtos, com vídeo e som na Net complementares ao trabalho de excelência do suporte papel. Ao New York Times sucederam-se outros exemplos de integração das redacções com o objectivo de alimentar esta convergência de meios no campo de batalha que é hoje a Net: o Times, o Daily Telegraph e mais recentemente o Financial Times, que mudou este mês toda a estrutura física da sua redacção para servir esta nova lógica. E ainda títulos como o Washington Post, El País ou The Guardian - que esta semana anunciou o arranque do seu primeiro serviço de vídeo - têm vindo a apresentar gradualmente novas formas de apresentar os seus produtos.
"Convergência" é a palavra em que todos os media pensam hoje. O primeiro passo rumo a essa convergência é reduzir a cinzas as barreiras que separam os jornalistas convencionais e jornalistas on-line. Mas o ritmo frenético a que esta corrida está a desenvolver-se levou já o Fórum Mundial de Editores a lançar questões e sugerir regras sobre o melhor modo de o fazer, num artigo de análise publicado no blogue da organização, em http://www,editorsweblog.org: "E se a indústria estiver a andar depressa demais rumo à unificação de media demasiado dispares? Será que a convergência deve ser feita com mais cuidado?"
Por Ana Machado, in PUBLICO.PT
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