quinta-feira, julho 20, 2006

Resumo da Conferência de Imprensa do Bastonário Rogério Alves


Decorreu ontem, dia 19 de Julho, na sede da Ordem dos Advogados, uma conferência de Imprensa do Bastonário Rogério Alves.

A conferência destinou-se a fazer um balanço do que de mais importante aconteceu na área da justiça e da acção da Ordem dos Advogados na primeira metade do ano.

O Bastonário referiu-se ao envolvimento activo e directo da Ordem, nos dossiers legislativos mais relevantes, nomeadamente a reforma da acção executiva, a nova lei do acesso ao direito, a reforma dos recursos, o novo regime processual civil experimental, a reforma da legislação penal e processual penal e a desformalização dos actos das sociedades.

Foi destacada a recuperação dos atrasos nos pagamentos dos honorários devidos pelo Patrocínio Judiciário no âmbito do Acesso ao Direito.

Foi também salientada a rapidez com que a Ordem dos Advogados colocou em funcionamento um sistema de registo dos actos de certificação e autenticação dos praticados por Advogados que, neste momento, conta com uma média de 2.000 registos por dia.

Sublinhando a missão da Ordem enquanto defensora do Estado de Direito e dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos o Bastonário transmitiu a preocupação da Ordem quanto à proposta do Governo de alterar o Código de Procedimento e Processo Tributário visando o levantamento do sigilo bancário em caso de apresentação de reclamação graciosa, tendo destacado que esta medida pode significar o fim de uma garantia dos cidadãos contra os erros do Fisco, prejudicando sobretudo os mais pobres.

O Bastonário classificou a acção governativa de “positiva nas intenções” e “arrojada nalgumas propostas”, mas aconselhou o Governo a aumentar a capacidade de "ouvir" e "avaliar", sublinhando que “o Governo tem que ser contido na vertente propagandística, e panfletária e ouvir mais quem tem experiência no terreno”.

Neste particular, o Bastonário referiu-se à questão das férias judiciais, na qual o Governo “cometeu o seu ‘pecado capital’ impondo uma medida errada, que resultou num conflito inútil, que demorou muito tempo a sarar”.

Explicando que a Ordem dos Advogados alertou o Governo para os maus resultados da implementação do novo regime das férias judiciais, o Bastonário desafiou o Governo a repor em 2007 a situação anterior à redução das férias, porque "também fica bem ao Governo emendar a mão".

O Bastonário referiu que o Governo demonstrou "coragem para abordar dossiers difíceis, como o caso da simplificação do processo civil ou a abordagem das regras de selecção e progressão de carreira dos magistrados".

Por isso, acrescentou que "se o Governo conseguir juntar a necessária dose de realismo, pragmatismo e capacidade de ouvir e avaliar, se podem encontrar no decorrer de 2006 e 2007 várias e boas soluções na área da justiça".

Questionado sobre a nomeação do próximo Procurador-Geral da República, Rogério Alves declarou que para a Ordem dos Advogados o próximo Procurador Geral da República "tem que se assumir como um verdadeiro “comandante” do Ministério Público, e com respeito pela sua autonomia e pela lei, liderar efectivamente a acção desta magistratura; deve ser capaz de comunicar com o público e de explicar objectivos, carências e projectos; deve ajudar a formar uma opinião lúcida e esclarecida, nomeadamente na área do exercício da acção penal".

O Bastonário da Ordem dos Advogados considerou que “há muitas personalidades, quer professores universitários, quer advogados, quer magistrados – tanto do Ministério Público, como Magistrados Judiciais – que podem desempenhar aquelas funções".

O Bastonário da Ordem dos Advogados defendeu que o próximo Procurador-Geral da República deve ser "alguém credível em termos nacionais, uma figura que mereça o respeito e a consideração de todos, e que tenha espírito de liderança", disse.

Fonte: Ordem dos Advogados

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