quarta-feira, junho 07, 2006

Células testiculares geram células estaminais


Uma equipa de cientistas do Reino Unido teve luz verde das autoridades para investigar a possibilidade de usar células estaminais extraídas dos testículos para reparar tecidos e órgãos danificados, noticiou ontem o The Guardian.

As células estaminais são as precursoras de todas as outras que constituem os diferentes tecidos e órgãos. Os investigadores, do Hospital Hammersmith, de Londres, sob a coordenação de Robert Winston, vão determinar se estas células testiculares são tão versáteis como as células estaminais embrionárias nessa capacidade de diferenciação.

Se a pesquisa correr como se espera e isso se confirmar, abrem-se grandes possibilidades ao desenvolvimento de novos tratamentos para várias patologias degenerativas e outras sem cura, como doenças cardíacas, Parkinson ou lesões da espinal medula, sem ser preciso destruir embriões humanos para obter aquelas células.

Os embriões usados actualmente nas investigações com células estaminais procedem de clínicas de fertilidade ou são criados por clonagem terapêutica, prática considerada por muitos pouco ética por implicar destruição de embriões. Por outro lado, a clonagem de embriões enfrenta também o problema prático da escassez de óvulos humanos para os produzir.

Os cientistas estimam que cerca de 0,3% do tecido dos testículos é constituído por células estaminais, uma das percentagens mais altas no corpo humano.

A autorização do Organismo de Fecundação Humana e Embriologia do Reino Unido permitirá a cultura de células de origem testicular e de células embrionárias para determinar se o seu desenvolvimento é semelhante e se têm o mesmo potencial médico.

O passo seguinte seria usar as células testiculares para formar outros tipos de tecidos, como o cerebral ou o cardíaco. E, no futuro, um homem poderia guardar tecido testicular extraído na juventude para utilizar mais tarde em eventuais lesões de órgãos, sem o risco de rejeição.

No início do ano, o investigador Gerd Hasenfuss, da Universidade Goettingen, descobriu que células de testículos de ratinhos podiam converter-se em tipos diferentes de tecido, do coração, nomeadamente do cérebro e da pele.

in Diário de Notícias

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