terça-feira, junho 27, 2006

Consumo de cocaína alarmante na Europa


Entre três e 3,5 milhões de europeus consumiram cocaína no ano passado e cerca de milhão e meio faziam-no habitualmente. Os números, considerados "alarmantes", são apenas alguns dos que as Nações Unidas resolveram realçar ontem, Dia Internacional contra o Abuso e Tráfico de Droga, para chamar a atenção para um fenómeno com novos contornos "Demasiados europeus com estudos tomam cocaína frequentemente, negando que são dependentes".

O relatório anual da agência da ONU para o controlo da droga exorta mesmo os governos europeus a "não ignorar" o perigo da cocaína, muitas vezes desvalorizado pela condescendência da comunicação social para com vedetas consumidoras, deixando os jovens "perturbados e vulneráveis". E a prova da proporção alarmante do consumo está nas apreensões, que passaram de 80 toneladas métricas em 2005 para cem em 2005, continuando a Espanha a ser a principal porta de entrada. Em dez anos, adianta a ONU, cresceram em média 10% ao ano. Um quadro no qual Portugal aparece em terceiro no que toca às maiores apreensões.

No mesmo sentido, o comissário europeu da segurança falava ontem de jovens "para quem o consumo de drogas se tornou numa actividade de ócio normal." Para lá da cocaína, estima-se que haja 12 milhões de consumidores de cannabis, a droga mais popular no mundo, onde 162 milhões de pessoas já a fumaram pelo menos uma vez. No total, alerta a Comissão Europeia, o consumo de drogas provoca directamente oito mil mortes por ano na União, a que se devem somar 20 mil causadas indirectamente, nomeadamente através da infecção com VIH através de seringas. Os toxicodependentes apresentam assim uma taxa de mortalidade 20 vezes superior à da população normal.

A efeméride serviu ainda para alertar para o risco de a produção de ópio voltar a crescer no Afeganistão, fruto da crescente pobreza dos aldeões, da falta de segurança e de controlo por parte do governo de Cabul. Aquele país foi em 2005 responsável por 87% da produção mundial (4100 toneladas).

Por Alfredo Cunha, in Jornal de Notícias

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