quarta-feira, junho 21, 2006

Casos de maus-tratos com estatística única


A secretária de Estado da Reabilitação anunciou ontem que o Governo vai separar os dados sobre maus-tratos e negligência contra crianças da estatística de mortes infantis, que inclui, por exemplo, os acidentes de viação. Idália Moniz, que falava à agência Lusa, à margem da "3.ª Conferência Intergovernamental Sobre Violência contra as Crianças na Europa e na Ásia Central", que decorre em Palência, Espanha, afirmou que esta é uma das prioridades do Executivo e que está já em curso um trabalho com a secção portuguesa da Unicef.

De acordo com a secretária de Estado Adjunta e da Reabilitação, actualmente os dados sobre maus-tratos e negligência não são separados da estatística de mortalidade infantil, que inclui, por exemplo, os acidentes de viação, as mortes por afogamento, a síndrome de morte súbita, as quedas na via pública e outro tipo de acidentes domésticos.

Agora, o objectivo é desagregar estes dados, estando já acordada uma metodologia de trabalho com a Unicef em Portugal à luz dos parâmetros internacionais, vincou a governante. Idália Moniz explicou que alguns países têm já essa metodologia, mas que uma das recomendações da conferência de Palência é o uso sistematizado por parte dos estados de dados cada vez mais fiáveis, para que a leitura estatística seja uniforme.

"Temos já reuniões agendadas para fazer a desagregação dos dados e trabalhar a metodologia de uso e avaliação dos mesmos com base em parâmetros internacionais. Não queremos inventar nada porque o futuro das crianças não se compadece com grandes títulos, com mais ou menos protagonismo", frisou.

A directora executiva da Unicef portuguesa, Madalena Marçal Grilo, considerou também importante a desagregação dos dados sobre crianças. "Portugal tem ainda muito a fazer na forma como desagrega os dados sobre as mortes de crianças. É necessário conhecer e desagregar as causas. Muitos dos casos de maus-tratos e violência não são reportados porque não há obrigatoriedade das instituições os reportarem", disse à Lusa.

"Em Portugal, e outros países, falta uma completa compilação de dados. Os dados são apenas uma amostra", acrescentou.

Fonte: Lusa e Jornal de Notícias

Sem comentários: