Muitos jovens europeus já experimentam cogumelos alucinogénios, mas no espaço comunitário não há uma tendência para o consumo regular. O uso é motivado pelo desejo de ter "uma experiência intensa", atesta um estudo apresentado hoje - Dia Internacional Contra as Drogas - pelo Observatório Europeu das Drogas e da Toxicodependência (OEDT), em Lisboa.
É uma classe de droga muito específica. Caracteriza-se pela sua capacidade de produzir sensações distorcidas, de alterar o humor e o processo cognitivo de modo marcante. Até bem recentemente, o LSD era a substância dominante no plano das drogas alucinogénicas utilizadas pelos cidadãos europeus.
O consumo de cogumelos mágicos foi impulsionado pela venda destes produtos, frescos ou secos, nas smartshops (lojas de plantas medicinais) holandesas, mas também nos mercados do Reino Unido e da Irlanda no final da década de 90. Contribuiu para o crescimento a disponibilização desta substância através da Internet.
Este é o primeiro de um conjunto de estudos a publicar pelo OEDT, no âmbito de um projecto-piloto destinado a detectar novas tendências de consumo de drogas no espaço comunitário (E-POD). Os especialistas analisaram a situação entre Julho e Outubro de 2005, recorrendo a uma multiplicidade de fontes (rede Reitox, literatura científica, revistas juvenis, sites, artigos publicados nos meios de comunicação social...).
De acordo com o OEDT, a prevalência de utilização de cogumelos mágicos na União Europeia é consideravelmente mais baixa do que a da cannabis, mas similar à registada para o ecstasy. Entre os estudantes europeus (15 a 16 anos), a taxa de prevalência ao longo da vida varia entre os zero e os oito por cento. O mais típico é entre um e três por cento.
Os valores mais altos foram encontrados na República Checa, na Holanda, na França e na Bélgica (entre cinco e oito por cento), e os mais baixos no Chipre, na Finlândia e na Roménia (abaixo de 0,5 por cento). Estes valores são semelhantes aos registados em Portugal num dos últimos inquéritos realizados sobre esta matéria (2001).
Difícil distinguir dos tóxicos
O inquérito - aplicado a alunos do terceiro ciclo e do ensino secundário de todas as capitais de distrito e concelhos da Grande Lisboa e Grande Porto - colocava a média nacional nos quatro por cento. O estudo deverá ser actualizado já em Novembro deste ano.
Na Bélgica, na Alemanha e na França, registam-se valores de utilização de cogumelos mágicos superiores aos do ecstasy. Na República Checa, na Dinamarca, na Itália e na Polónia os valores são idênticos. Estudos conduzidos em estabelecimentos de diversão nocturna revelam que a prevalência de consumo é maior entre os jovens que saem à noite. Uma amostra francesa cifrou em 55 a percentagem dos que já tinham experimentado cogumelos.
O OEDT adianta que, desde 2001, seis países europeus - Dinamarca (2001), Holanda (2002), Alemanha, Estónia, Reino Unido (2005) e Irlanda (2006) - apertaram o controlo à comercialização desta substância. "Nalguns países, legislação restritiva está a prevenir a difusão desta ameaça." O maior problema resulta da dificuldade em distinguir os cogumelos alucinogénios dos que têm efeitos tóxicos.
Os cogumelos alucinogénios crescem em estado selvagem em muitos países europeus. Mas os utilizados a título recreativo são maioritariamente cultivados, pormenoriza o OEDT. Para já, os valores apurados denotam que há um consumo "apenas por experimentação" - os jovens procuram uma "experiência intensa", um transe "natural".
"As drogas podem rapidamente entrar ou sair de moda", comenta o director do OEDT, Wofgang Gotz. Cruzam as fronteiras, tal como a música. A agência europeia irá agir como "os olhos e os ouvidos da UE". Como se fosse "um radar", pronto a "ajudar os países a identificar e a responder rapidamente a novas ondas".
Por Ana Cristina Pereira, in PUBLICO.PT
É uma classe de droga muito específica. Caracteriza-se pela sua capacidade de produzir sensações distorcidas, de alterar o humor e o processo cognitivo de modo marcante. Até bem recentemente, o LSD era a substância dominante no plano das drogas alucinogénicas utilizadas pelos cidadãos europeus.
O consumo de cogumelos mágicos foi impulsionado pela venda destes produtos, frescos ou secos, nas smartshops (lojas de plantas medicinais) holandesas, mas também nos mercados do Reino Unido e da Irlanda no final da década de 90. Contribuiu para o crescimento a disponibilização desta substância através da Internet.
Este é o primeiro de um conjunto de estudos a publicar pelo OEDT, no âmbito de um projecto-piloto destinado a detectar novas tendências de consumo de drogas no espaço comunitário (E-POD). Os especialistas analisaram a situação entre Julho e Outubro de 2005, recorrendo a uma multiplicidade de fontes (rede Reitox, literatura científica, revistas juvenis, sites, artigos publicados nos meios de comunicação social...).
De acordo com o OEDT, a prevalência de utilização de cogumelos mágicos na União Europeia é consideravelmente mais baixa do que a da cannabis, mas similar à registada para o ecstasy. Entre os estudantes europeus (15 a 16 anos), a taxa de prevalência ao longo da vida varia entre os zero e os oito por cento. O mais típico é entre um e três por cento.
Os valores mais altos foram encontrados na República Checa, na Holanda, na França e na Bélgica (entre cinco e oito por cento), e os mais baixos no Chipre, na Finlândia e na Roménia (abaixo de 0,5 por cento). Estes valores são semelhantes aos registados em Portugal num dos últimos inquéritos realizados sobre esta matéria (2001).
Difícil distinguir dos tóxicos
O inquérito - aplicado a alunos do terceiro ciclo e do ensino secundário de todas as capitais de distrito e concelhos da Grande Lisboa e Grande Porto - colocava a média nacional nos quatro por cento. O estudo deverá ser actualizado já em Novembro deste ano.
Na Bélgica, na Alemanha e na França, registam-se valores de utilização de cogumelos mágicos superiores aos do ecstasy. Na República Checa, na Dinamarca, na Itália e na Polónia os valores são idênticos. Estudos conduzidos em estabelecimentos de diversão nocturna revelam que a prevalência de consumo é maior entre os jovens que saem à noite. Uma amostra francesa cifrou em 55 a percentagem dos que já tinham experimentado cogumelos.
O OEDT adianta que, desde 2001, seis países europeus - Dinamarca (2001), Holanda (2002), Alemanha, Estónia, Reino Unido (2005) e Irlanda (2006) - apertaram o controlo à comercialização desta substância. "Nalguns países, legislação restritiva está a prevenir a difusão desta ameaça." O maior problema resulta da dificuldade em distinguir os cogumelos alucinogénios dos que têm efeitos tóxicos.
Os cogumelos alucinogénios crescem em estado selvagem em muitos países europeus. Mas os utilizados a título recreativo são maioritariamente cultivados, pormenoriza o OEDT. Para já, os valores apurados denotam que há um consumo "apenas por experimentação" - os jovens procuram uma "experiência intensa", um transe "natural".
"As drogas podem rapidamente entrar ou sair de moda", comenta o director do OEDT, Wofgang Gotz. Cruzam as fronteiras, tal como a música. A agência europeia irá agir como "os olhos e os ouvidos da UE". Como se fosse "um radar", pronto a "ajudar os países a identificar e a responder rapidamente a novas ondas".
Por Ana Cristina Pereira, in PUBLICO.PT
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