A família mais próxima ainda continua a ser a principal prioridade da vida dos europeus. A novidade agora é que as responsabilidades domésticas, como a gestão da casa ou a educação dos filhos, passaram a ser partilhadas entre homens e mulheres. Um sinal de modernidade e uma das principais conclusões do capítulo "Família, Trabalho e Género" do segundo Inquérito Social Europeu 2004, apresentado ontem no Instituto de Ciências Sociais, em Lisboa.
"Um novo sentido da família" afirmou ao DN Anália Torres, uma das investigadoras do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). E uma realidade a juntar-se a outro padrão europeu revelado pelo estudo: a rejeição do "sacrifício do trabalho profissional feminino para dar prioridade aos homens em tempo de crise".
Dar prioridade aos homens não é o mais importante para as mulheres, mas, quando se trata de despender tempo com os filhos, o caso muda de figura. Grande parte dos europeus (47%) é de opinião que as mulheres devem estar "preparadas" para reduzir o seu trabalho remunerado em função do bem-estar da família. Mais longe desta ideia estão os escandinavos, que tendem a discordar.
Outra ideia em vias de extinção na Europa - embora nem tanto em Portugal - é a que considera o casamento indissolúvel quando estão em causa os filhos. Ou seja, 52,2% dos europeus acham que quando marido e mulher não se dão bem a existência de filhos não é motivo suficiente para manter o casamento. Mas se esta é uma convicção mais acentuada em países como a Suécia, a Finlândia ou a Dinamarca, em Espanha e Portugal as certezas já não são assim tantas e as raízes conservadoras falam mais alto. Na Polónia, na Grécia e na Ucrânia a inclinação vai ainda mais no sentido de continuar a aceitar que a manutenção do casal é importante para o bem-estar dos filhos. Entre géneros também há algumas diferenças, sendo os homens os que mais se inclinam para esta convicção da indissolubilidade do casamento.
Modernos ou conservadores?
A resposta a estas questões permitiu aos investigadores agrupar os inquiridos em três categorias e por países. Em Portugal a população divide-se assim em 15,3% de modernos, 29,6% de conservadores e 55% de intermédios. Por seu lado, os modernos na Islândia são mais de 46%, enquanto que, no extremo oposto, se resumem a 8% na Ucrânia.
Outra conclusão da investigação de Anália Torres, que contou também com o trabalho de Bernardo Coelho e Inês Cardoso, prende-se com o conceito de "bem-estar subjectivo", ou seja, com a forma como as pessoas se sentem. E, no que diz respeito a stress doméstico, os portugueses estão entre os que se queixam mais deste problema, a par dos polacos e dos ucranianos.
Os inquéritos permitem concluir, explica a investigadora Anália Torres, que os países com mais baixo nível de modernidade nos valores de género na família são aqueles em que se verifica um maior stress doméstico. O inverso também se aplica, neste caso, com os países nórdicos a liderar a tabela.
Por Rita Carvalho, in DN Online
"Um novo sentido da família" afirmou ao DN Anália Torres, uma das investigadoras do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE). E uma realidade a juntar-se a outro padrão europeu revelado pelo estudo: a rejeição do "sacrifício do trabalho profissional feminino para dar prioridade aos homens em tempo de crise".
Dar prioridade aos homens não é o mais importante para as mulheres, mas, quando se trata de despender tempo com os filhos, o caso muda de figura. Grande parte dos europeus (47%) é de opinião que as mulheres devem estar "preparadas" para reduzir o seu trabalho remunerado em função do bem-estar da família. Mais longe desta ideia estão os escandinavos, que tendem a discordar.
Outra ideia em vias de extinção na Europa - embora nem tanto em Portugal - é a que considera o casamento indissolúvel quando estão em causa os filhos. Ou seja, 52,2% dos europeus acham que quando marido e mulher não se dão bem a existência de filhos não é motivo suficiente para manter o casamento. Mas se esta é uma convicção mais acentuada em países como a Suécia, a Finlândia ou a Dinamarca, em Espanha e Portugal as certezas já não são assim tantas e as raízes conservadoras falam mais alto. Na Polónia, na Grécia e na Ucrânia a inclinação vai ainda mais no sentido de continuar a aceitar que a manutenção do casal é importante para o bem-estar dos filhos. Entre géneros também há algumas diferenças, sendo os homens os que mais se inclinam para esta convicção da indissolubilidade do casamento.
Modernos ou conservadores?
A resposta a estas questões permitiu aos investigadores agrupar os inquiridos em três categorias e por países. Em Portugal a população divide-se assim em 15,3% de modernos, 29,6% de conservadores e 55% de intermédios. Por seu lado, os modernos na Islândia são mais de 46%, enquanto que, no extremo oposto, se resumem a 8% na Ucrânia.
Outra conclusão da investigação de Anália Torres, que contou também com o trabalho de Bernardo Coelho e Inês Cardoso, prende-se com o conceito de "bem-estar subjectivo", ou seja, com a forma como as pessoas se sentem. E, no que diz respeito a stress doméstico, os portugueses estão entre os que se queixam mais deste problema, a par dos polacos e dos ucranianos.
Os inquéritos permitem concluir, explica a investigadora Anália Torres, que os países com mais baixo nível de modernidade nos valores de género na família são aqueles em que se verifica um maior stress doméstico. O inverso também se aplica, neste caso, com os países nórdicos a liderar a tabela.
Por Rita Carvalho, in DN Online
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