domingo, outubro 21, 2007

Escutas muito delicadas

Pinto Monteiro suspeita que tem o telefone sob escuta
O Presidente da República, Cavaco Silva, classificou ontem, como “matéria de grande delicadeza” as afirmações do procurador-geral da República (PGR), Pinto Monteiro, ao semanário ‘Sol’, na qual admite que possa ter o telefone sob escuta.

“Tive recentemente uma reunião com o senhor procurador-geral da República e entendo que em relação a essas matérias, como Presidente, não me devo pronunciar em público”, disse ontem Cavaco Silva, em Vila Franca de Xira. Reconhecendo a delicadeza do assunto, disse esperar “que a lei esteja sempre a ser respeitada”.

Na entrevista, o procurador confessa não saber o que fazer perante a eventualidade de ser escutado. “Como é que vou lidar com isso? Não sei. Como vou controlar isto? Não sei. Penso que tenho um telemóvel sob escuta”, disse.

As afirmações de Pinto Monteiro não colheram o agrado (...).

Segundo o presidente da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da PJ (ASFIC), Carlos Anjos, o Procurador “transmitiu um sentimento de impotência sobre o sistema judicial, que atinge todos os intervenientes na área da Justiça e não em particular os agentes da PJ”.

E em jeito de sugestão acrescentou: caso o “procurador tema estar a ser alvo de uma escuta ilegal deve apresentar uma queixa com incertos a fim de que seja feita uma despistagem de telefones ”.

Sobre esta matéria, o Ministério da Justiça não quis comentar, mas o CDS já pediu uma audição parlamentar urgente quer do PGR quer do ministro da Justiça, Alberto Costa.

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PINTO MONTEIRO

"As escutas em Portugal são feitas exageradamente."

"O Ministério Público é um poder feudal. Há o conde, o visconde, a marquesa e o duque."

"A violência sobre as mulheres não me preocupa muito."

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Por João Saramago com J.P., in Correio da Manhã.

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