domingo, outubro 21, 2007

As explicações que o PGR tem de dar

"As declarações do procurador-geral da República (PGR), ontem em entrevista ao semanário Sol, são preocupantes. Ao afirmar que considera existir um exagero de escutas em Portugal e que ele próprio acha que está a ser escutado, revelando que não sabe como lidar com a questão nem como controlar o problema, Pinto Monteiro coloca toda o sistema da justiça do País em dúvida e contribui para a descrença geral que há muito se abateu sobre o sector.

Se o PGR assume a incapacidade que lhe cabe em primeiro lugar, a de lidar ou controlar este mecanismo de investigação (essencial, sublinhe-se, desde que usado de forma correcta e legal) em relação a si próprio, então não há nenhum cidadão no País que possa sentir-se tranquilo.

Se o PGR acha que está a ser escutado, ou admite que pode ser suspeito em algum processo, pois só nesse caso um juiz pode autorizar o uso legal de escutas, o que o deveria impedir de continuar no cargo; ou está a lançar suspeitas sobre alguns poderes ocultos, e ilegais, o que é ainda mais grave.

Pinto Monteiro tem pautado a sua conduta pela moderação e não terá sido agora que veio falar com leviandade. Pelo seu poder e pelas suas competências, é muito importante que explique pormenorizadamente o que quis dizer. (...)"
Excerto do Editorial da edição de hoje do Jornal Diário de Notícias .

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