segunda-feira, setembro 03, 2007

Férias judiciais ainda no centro da polémica

Os tribunais reabrem hoje depois de um mês de férias. Mas este está longe de ser um período de tranquilo. Os advogados mantêm acesa a contestação à redução do período de férias. À distância, juízes e funcionários judiciais aplaudem.

De facto, a questão nunca ficou resolvida e este Verão a polémica voltou. O presidente do Conselho Distrital do Porto da Ordem dos Advogados, Rui da Silva Leal, resolveu escrever uma "carta aberta" ao ministro da Justiça, Alberto Costa, criticando-o com veemência por alegadamente o impedir de ter férias.

Contrariando a posição oficial da Ordem, Rui da Silva Leal chegou mesmo a dizer-se disposto a propor a "paralisação" da classe se o Governo não recuar para os dois meses de férias judiciais. Com diligências até ao final de Julho e o novo ano judicial a começar no início de Setembro, aquele advogado diz que se viu impossibilitado de ter férias, já que quando acabou de arrumar as questões do ano transacto, teve que começar a preparar o trabalho para Setembro.

Até agora, o Governo respondeu com o silêncio, apesar de em anteriores ocasiões, o ministro da Justiça ter já afirmado "estar aberto a todas as alterações". As férias judiciais de Verão, eram tradicionalmente gozadas entre 15 de Julho e 15 de Setembro e foram encurtadas para o mês de Agosto, com o novo regime a ser experimentado em 2006.

Juízes e funcionários judiciais, tentando manter-se à distância numa questão polémica e sem fim à vista, não escondem o seu apoio. "Os advogados têm razão", disse, à agência Lus, o presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP), António Martins, concordando que a maioria da classe está impedida de ter férias em Agosto, em especial o grupo que trabalha isoladamente. Contudo, salvaguarda, "os juízes não compram esta guerra". "Não queremos que digam que estamos a lutar por privilégios", precisa António Martins.

Pelo mesmo tom afina o Sindicato dos Funcionários Judiciais, que acusa o Governo de "demagogia" por ter tomado uma decisão que não trouxe "nenhuma melhoria substancial". Pelo contrário, afirmou o secretário-geral da estrutura, António Marçal, citado pela Lusa "O número de diligências diminui substancialmente".

Deste ano não se conhecem ainda os efeitos da redução, mas em 2006 levantou-se uma guerra de números. O Governo garantiu que foram resolvidos mais quase 60% de processos relativamente aos anteriores.

Porém, o Conselho Superior da Magistratura, que coordena e fiscaliza os juízes, concluiu que, "para o cidadão, e é essa a perspectiva mais relevante, não houve qualquer benefício" com a redução das férias judiciais.
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Toda a notícia na edição de hoje do Jornal de Notícias.

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