sábado, junho 09, 2007

Violação sexual: Cifras negras são elevadíssimas

A psicóloga Francisca Rebocho, autora de um estudo sobre o perfil do violador português, considerou hoje que as cifras negras da violação "são elevadíssimas", já que muitas mulheres ocultam o crime.


"As cifras negras da violação são elevadíssimas. Há uma série de motivações que fazem com que as mulheres não revelem que foram violadas", disse hoje a investigadora à agência Lusa.

Autora do livro "Caracterização do violador português: um estudo exploratório", recentemente publicado, Francisca Rebocho adiantou que mulheres que tenham uma relação estável serão levadas a esconder o crime de que foram alvo para evitar causar repulsa sexual no parceiro.

Outra motivação para ocultar o crime será quando este se dá no local de trabalho e o seu autor é um superior hierárquico, adiantou a psicóloga.

A autora do primeiro estudo realizado em Portugal com violadores, que se encontravam a cumprir pena à data da pesquisa, falava à agência Lusa à margem do I Simpósio de Psicologia e Crime, que decorreu hoje em Coimbra.

"Estes estudos são importantes a nível da prevenção para as mulheres conhecerem e evitarem condutas de risco", realçou a técnica da Unidade de Consulta em Psicologia da Justiça da Universidade do Minho.

Segundo os dados apurados pela investigadora, que realizou o estudo no âmbito da tese de mestrado em Ciências Forenses, a maioria das violações de mulheres ocorre em meio urbano e na via pública.

O perfil apurado para o violador revela um homem relativamente novo, com uma idade na faixa dos 30 anos, reduzida escolaridade, a trabalhar no sector primário e inserido do ponto de vista social, profissional e familiar.

Alguns violadores são psicopatas ou apresentam traços de psicopatia e existe "um risco de reincidência considerável", disse ainda Francisca Rebocho, que trabalha agora no doutoramento sobre o violador e o agressor sexual em geral.

O "Perfil do psicopata violento", pelo professor da Universidade do Minho Rui Abrunhosa Gonçalves, "Autópsia psicológica", pelo catedrático em Medina Legal Pinto da Costa, e "Neuropsicologia do Crime", pelo docente Manuel Domingos, foram outras das comunicações apresentadas no simpósio.

O evento foi organizado pela Associação Central de Psicologia.

in Observatório do Algarve.

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