sábado, dezembro 23, 2006

Um quarto dos casamentos nasce de uniões de facto


Uma em cada quatro pessoas que se casaram em 2005 já vivia em comum. Comparativamente a 2004, aumentou 42% o número de casais que iniciaram a viver juntos sem assinar um papel e só depois oficializaram a relação numa conservatória, 9732 no total. Também se registaram mais segundas núpcias (9247), sobretudo de pessoas com filhos, comuns ou não. Na generalidade, houve menos casamentos mas também menos divórcios.

O quadro das contínuas alterações à família tradicional portuguesa é traçado pelo Instituto Nacional de Estatística, que ontem divulgou os indicadores sociais do País. Comparativamente a 2004, além de se ter realizado menos 1% dos casamentos em 2005, sobretudo os católicos (menos 4,6%), há novas formas de união em ascensão, em especial no Sul do País.

Os portugueses não só se casam menos como o estão a fazer mais tarde, o que para os homens quer dizer 31,3 anos e para as mulheres 28,9, mais um ano e meio em média do que em 2004. E, apesar de as pessoas darem prioridade à realização profissional, adiando a constituição da família, mantém-se a tradição de que ele deve ser mais velho do que ela.

Outra das conclusões é a de que os casados estão cada vez menos tempo juntos. Ao mesmo tempo que aumenta a idade média do primeiro casamento, baixou em quase dois anos a idade do primeiro divórcio, 39,8 anos em 2005.

Registaram-se menos divórcios o ano passado, mas trata-se de uma diferença muito ténue, 2,1 separações oficiais por mil habitantes contra 2,2 por mil nos 12 meses anteriores. Lisboa regista a taxa mais elevada, 2,7 divórcios por cada mil residentes, e o Norte a mais baixa, 1,9 por mil.

Os núcleos familiares de duas pessoas estão em maioria, 28%, contra 27% com três elementos. São as regiões de Lisboa, Alentejo e Algarve que mais contribuem para o aumento das famílias pequenas, sendo que os indivíduos sós representam 20% da população do Sul do País. O número de famílias numerosas é mais relevante nas regiões autónomas. Os núcleos com cinco e mais pessoas constituem 20% do total nos Açores e na Madeira, proporção que não ultrapassa os 6% em Lisboa, no Alentejo e no Algarve.

A maioria das famílias (57,8%) tem filhos, mas há cada vez mais núcleos com uma só criança. Em contrapartida, entre 2000 e 2005 diminuiu de 29% para 26% a proporção dos casais com dois ou mais filhos.

Velhos

Aquelas transformações têm uma implicação determinante na demografia do País. A principal é a de que a população está mais envelhecida, 17% do total dos habitantes, contra 15,6% de jovens. E prevê-se que dentro de 45 anos as pessoas com 65 anos ou mais representem 32% dos residentes, contra apenas 13% dos que têm menos de 15 anos.

Actualmente, existem 110 idosos por cada 100 jovens, quando em 2004 a diferença era de 109 para 100. O Alentejo tem o índice mais elevado (171) enquanto que os Açores possuem o índice mais baixo (63).

A tendência de envelhecimento da população portuguesa enquadra-se na evolução demográfica da União Europeia. O Eurostat prevê a duplicação do peso dos idosos até 2050, de 15% (1995) para 30% (2050): 2,2 velhos por cada jovem.

Com baixas taxas de natalidade e um saldo migratório [diferença entre as entradas e saídas do País] quase nulo desde 2002, a população residente aumentou apenas 0,4%, atingindo os 10 milhões e 569 mil.

Céu Neves e Inês David Bastos, in DN Online.

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