terça-feira, agosto 07, 2007

China sem progressos nos direitos humanos, diz Amnistia Internacional

Pequim não está a cumprir as suas promessas de progresso nos direitos humanos, denuncia a Amnistia Internacional (AI) num relatório divulgado hoje. O compromisso chinês foi feito quando o país foi escolhido como anfitrião dos Jogos Olímpicos de 2008, esperando-se que permitisse melhorias num quadro de décadas de tortura, repressão e escravatura.

O documento, "A contagem decrescente dos Jogos Olímpicos: um ano para completar promessas de direitos humanos", foca-se três aspectos fundamentais: a pena de morte (segundo a AI, mil a oito mil pessoas são executadas todos os anos no país), as detenções sem julgamento e a repressão de activistas, jornalistas e escritores.

O Governo proíbe o tratamento de temas "sensíveis", detendo e maltratando muitos dos que pisam o risco, diz o relatório. Para muitos, é uma forma de "limpar" a imagem chinesa perante a recepção de milhares de visitantes de todo o mundo.

As autoridades afirmaram que o número de penas capitais e de executados diminuiu significativamente desde Janeiro, mas a organização de direitos humanos acusa o Governo de aplicar a pena em crimes em que não se praticaram actos de violência e denuncia a falta de dados oficiais. O relatório termina com recomendações às autoridades chinesas e ao Comité Olímpico Internacional, lembrando que a "preservação da dignidade humana" faz parte da Licença Olímpica.

Depois dos escândalos recentes de escravatura no país, alguns envolvendo a exploração de adultos e crianças em condições miseráveis no fabrico de produtos para os Jogos, se o evento for novamente "manchado" será "mau para a China, para os Jogos Olímpicos e para a comunidade internacional", declarou ontem, à Reuters, Irene Khan, secretária-geral da AI.

Também a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou a "falta gritante de liberdade de expressão" na China. Vários membros da organização manifestaram-se em Pequim, apelando à "libertação da centena de jornalistas, internautas e militantes da liberdade de expressão" presos no país, sendo detidos pela polícia durante uma hora num parque de estacionamento, sem explicações. "É isto que pode acontecer durante os Jogos", alertou Vincent Brossel, coordenador dos RSF na Ásia.
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