quinta-feira, abril 24, 2008

Juíza ameaça fechar tribunal que está em risco de derrocada

Os 130 trabalhadores do Tribunal de Santa Maria da Feira, incluindo magistrados, receiam que o Palácio da Justiça possa ruir a qualquer momento e soterrar muitos dos que ali trabalham diariamente. Um perito em construção civil esteve no edifício e informou que o risco de colapso é superior ao que originou a derrocada de um edifício da polícia em Luanda, Angola, no passado mês. Ontem, a juíza presidente, Ana Maria Ferreira, reuniu todos os elementos do tribunal e ficou decidido dar quatro dias ao Instituto de Gestão Financeira e de Infra-estruturas da Justiça (IGFPJ) para garantir a segurança ou arranjar alternativa. Se a resposta não chegar, garante que, na próxima semana, ninguém vai entrar nas instalações.

Há mais de uma década que o edifício apresenta sinais de instabilidade, exibindo extensas e profundas fissuras, ferros de estrutura à vista e é notório o abatimento de alguns pilares de betão. O Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) está a monitorizar o edifício há cerca de cinco anos, mas os responsáveis pelo Tribunal da Feira não têm recebido informação nem garantias sobre a segurança das instalações.

Os receios aumentaram quando um perito em construção civil, que terá estado envolvido na análise da derrocada ocorrida em Luanda, se deslocou ao tribunal na qualidade de testemunha de um processo. Terá então chamado a atenção de um juiz para o alegado perigo que ali se corre.

O caso chegou ao conhecimento dos funcionários que rapidamente manifestaram a sua inquietude e levou a que a juíza presidente promovesse uma reunião durante a tarde de ontem. Perante as preocupações generalizadas decidiram pedir explicações convincentes ao IGFPJ considerando que o prazo para essa resposta não deveria ultrapassar os quatro dias. Findo esse prazo, ninguém entrará nas instalações, se a resposta não chegar.

Nos últimos dois dias, uma equipa composta por dois engenheiros do LNEC, representantes do IGFPJ, da Câmara e do Instituto Superior Técnico de Lisboa estiveram no edifício, mas não foram capazes de garantir, no imediato, a segurança. "Há muito tempo que andamos com o coração nas mãos sem saber o que nos pode acontecer e isto tem que acabar de uma vez por todas" referiu, ao JN, sobre anonimato, fonte do tribunal.

Por Salomão Rodrigues, in
Jornal de Notícias.

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