quarta-feira, julho 22, 2009

ASJP - Editorial da Direcção Nacional - férias judiciais, férias dos juízes e funcionamento dos tribunais

Só hoje estão agendados, em todos os tribunais judiciais de primeira instância, 527 julgamentos e diligências com intervenção de juízes, o que dá uma média de quase 2 por tribunal. Desta forma, enquanto o Sr. Bastonário da Ordem dos Advogados se diverte nas festas e beberetes das inaugurações, e dá as suas entrevistas maldosas para dizer que está tudo em casa a gozar privilégios, há centenas de juízes, procuradores, funcionários judiciais e advogados que estão a trabalhar para cumprir o melhor possível a sua função.

"Editorial da Direcção Nacional

Férias judiciais, férias dos juízes e funcionamento dos tribunais

Perante as notícias de que os juízes não cumprem a lei no que respeita ao gozo das suas férias pessoais, completamente falsas e baseadas apenas nas declarações do Sr. Bastonário da Ordem dos Advogados, que pretende, uma vez mais, iludir a verdade com demagogia e falta de seriedade, a ASJP esclarece o seguinte:

1. As férias judiciais e as férias pessoais dos juízes são coisas diferentes. Os tribunais encerram em certos períodos do ano, excepto para os actos urgentes, por decisão de quem faz as leis e não dos juízes. As férias pessoais a que os juízes têm direito de acordo com a lei são iguais ao número de dias úteis de qualquer pessoa que trabalha para o Estado.

2. Os juízes têm dito, repetidamente, que não têm nada a opor a que os tribunais estejam abertos 12 meses por ano, pois isso não tem nada a ver com o gozo das suas férias pessoais. Pelo contrário, uma solução dessas até lhes seria vantajosa, pois permitiria que tivessem o direito de gozar férias em qualquer período do ano, o que hoje não acontece.

3. É verdade que neste momento há juízes que já não estão ao serviço. Mas isso acontece apenas com aqueles que terão de trabalhar nos turnos de processos urgentes durante o mês de Agosto e que, por isso, têm de gozar férias pessoais antes ou depois desse momento.

4. Contudo, não é verdade que os tribunais estejam parados. Os juízes que não estão no gozo das férias pessoais estão nos tribunais a trabalhar. Uns a dar andamento aos processos e a elaborar sentenças. Outros realizando julgamentos e diligências. Só hoje, de acordo com as pautas que podem ser livremente consultadas na Internet, estão agendados, em todos os tribunais judiciais de primeira instância, 527 julgamentos e diligências com intervenção de juízes, o que dá uma média de quase 2 por tribunal.

5. Desta forma, enquanto o Sr. Bastonário da Ordem dos Advogados se diverte nas festas e beberetes das inaugurações, e dá as suas entrevistas maldosas para dizer que está tudo em casa a gozar privilégios, há centenas de juízes, procuradores, funcionários judiciais e advogados que estão a trabalhar para cumprir o melhor possível a sua função.

6. É o regresso do discurso populista dos privilégios, desta vez pela voz do Sr. Bastonário da ordem dos Advogados, cuja única finalidade visível é dar continuidade e apoio à campanha política de deslegitimação dos juízes e dos tribunais iniciada há quatro anos.

7. Pena é que, de novo, os órgãos de gestão dos juízes, Conselho Superior da Magistratura e Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, que têm a missão constitucional de defender o prestígio dos tribunais, se mantenham em silêncio perante tanta desinformação e demagogia, que serve apenas para achincalhar aqueles que trabalham em condições já de si muito adversas.

Lisboa, 22 de Julho de 2007

António Martins, Presidente da Direcção Nacional da ASJP"
Fonte: ASJP

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