segunda-feira, dezembro 31, 2007

Justiça remodelada em 2008

A área da Justiça será marcada em 2008 pelo novo mapa judiciário e nova Lei Orgânica da Polícia Judiciária, bem como por alterações à acção executiva, à lei do apoio judiciário e à tabela de custas judiciais.

No âmbito das reformas legislativas, em 01 de Janeiro de 2008 entram em vigor as alterações ao Código de Processo Civil, com o objectivo de "simplificar e racionalizar" o regime de recursos cíveis e resolver conflitos de competência entre tribunais.

A reforma do mapa judiciário, uma matéria constante do Pacto da Justiça celebrado entre PS e PSD, prevê a conversão das 230 comarcas actualmente existentes em 35 tribunais regionais, devendo esta mudança iniciar-se com uma experiência-piloto.

No novo modelo organizativo avança-se com a criação da figura do "administrador de tribunal", que assumirá a responsabilidade de gestão, a par do juiz-presidente.

No domínio de novos equipamentos, prevê-se o arranque da construção dos Campus de Justiça do Porto, Lisboa e Coimbra, que são instalações de serviços judiciais integrados, onde no mesmo edifício irão funcionar Tribunais de Família, Civil, Criminal, Administrativo e Fiscal e serviços como Notariado, entre outros.

Aveiro, Faro e Leiria são também cidades abrangidas pelo conceito dos Campus de Justiça, encontrando-se estes já em fase de projecto e desenvolvimento.

Uma nova organização territorial, especialização e modernização das estruturas judiciais e criação nos centros urbanos de Campus da Justiça são alguns dos traços gerais do conceito “Tribunal XXI”, uma das apostas centrais do Programa para a Modernização do Sistema Judicial, a implementar pelo Governo até 2009.

O orçamento da Justiça para 2008 prevê um investimento superior a 53 milhões de euros para construção, remodelação e reforço das condições de segurança e sanitárias dos estabelecimentos prisionais.

Está prevista a construção dos novos Estabelecimentos Prisionais de Angra do Heroísmo, Castelo Branco, Coimbra, Elvas, Grândola, Leiria, Linhó (Sintra), Ponta Delgada e Vale do Tejo.

2008 deverá ser o ano em que, finalmente, será erradicado o balde higiénico nas prisões portuguesas, depois de em Julho de 2005 o Ministério da Justiça (MJ) ter anunciado um investimento de 17,5 milhões de euros para, até final de 2007, acabar com aquilo que recentemente, nos Açores, o ministro Alberto Costa classificou de "chaga e flagelo".

No capítulo das medidas e penas alternativas à prisão, estão contemplados para 2008 seis milhões de euros para o alargamento da aplicação da vigilância electrónica até duas mil pulseiras.

Nos tribunais, o Ministério da Justiça prevê investir, em 2008, um milhão de euros em novos equipamentos de comunicações e cerca de 1,3 milhões de euros em plataformas informáticas e digitais.

Na área da segurança, o MJ prevê investir meio milhão de euros na instalação de novos equipamentos de vídeo-vigilância em mais de 20 edifícios.

A aposta passa, também, pela investigação criminal, com o reforço das verbas destinadas à Polícia Judiciária, Procuradoria-Geral da República (mais 10,6 por cento) e Ministério Público.

2008 será o ano em que o Governo pretende aplicar as alterações às acções executivas que prevêem que os advogados possam assumir funções de agente de execução, numa acção para cobrança de dívidas.

A proposta pretende tornar as execuções judiciais mais simples, mais eficazes e evitar acções judiciais desnecessárias.

Neste âmbito, cria-se também a possibilidade de existência de centros de arbitragem, na tentativa de descongestionar os tribunais comuns.

Com o objectivo de também descongestionar os tribunais, o Conselho de Ministros de 27 deste mês aprovou o decreto-lei que cria quatro novos Julgados de Paz, entre os quais o Julgado de Paz de Odivelas e o Julgado de Paz do Agrupamento dos Concelhos de Palmela e Setúbal.

O diploma prevê ainda a criação do Julgado de Paz do Agrupamento dos Concelhos de Aguiar da Beira, Penalva do Castelo, Satão, Trancoso e Vila Nova de Paiva e o Julgado de Paz do Agrupamento dos Concelhos de Aljustrel, Almodôvar, Castro Verde, Mértola e Ourique.

Com este alargamento, a rede dos Julgados de Paz passa a ter 20 unidades, abrangendo 43 concelhos e uma população superior a 2,7 milhões de habitantes, segundo o Ministério da Justiça.

Por outro lado, para 2008 está prevista a aplicação da nova Lei Orgânica da Polícia Judiciária (PJ), diploma que cria unidades especializadas para o combate ao terrorismo, ao tráfico de droga e corrupção e crimes conexos, além de introduzir uma nova racionalidade nas estruturas regionais e locais.

Segundo a proposta de lei, confia-se à PJ a responsabilidade de assegurar o gabinete da Europol e da Interpol e, a nível interno, consagra-se a articulação do sistema de informação criminal da Judiciária com os sistemas de informação de outras forças policiais.

No campo das reformas, 2008 será ainda o ano de dotar o Conselho Superior da Magistratura (órgão de gestão, administração e disciplina dos juízes) de autonomia administrativa e financeira.

Em 2008 deverá finalmente terminar o julgamento do processo de pedofilia da Casa Pia de Lisboa, o mais moroso da Justiça portuguesa e que já dura há mais de três anos.

in
Observatório do Algarve
("Bolds" nossos)

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