Alfredo, nome fictício, diz que trabalhou para a Polícia Judiciária durante vários anos, até que começou a recusar fazer alguns "serviços", por considerar que estavam a ser presos demasiados "inocentes". E terá sido aí que a PJ lhe "arranjou" um assalto a uma ourivesaria, de onde terá sido subtraído um fio de ouro, e o conduziu à cadeia, onde cumpre pena.
O ex-pescador tem testemunhado em alguns julgamentos de tráfico de droga, onde relata os métodos utilizados pela Judiciária e aponta o nome de inspectores em concreto. Aliás, segundo afirma, apresentou queixa junto da Procuradoria Geral da República e já foi chamado a depor, no Ministério Público.
Contactada pelo JN, a PJ recusou qualquer comentário sobre acções encobertas, alegando "o melindre da questão e a necessidade de reserva".
Numa audiência, em Odemira, Alfredo contou que tudo começou no início de 90, em parceria com a PJ de Setúbal. Alfredo ia a Espanha, fazia-se passar por um grande traficante e dizia ter meios de transporte, designadamente barcos. "O mais difícil no tráfico de droga é o transporte", explicou. Consumado o negócio, avisava a PJ e a partir daqui tudo era controlado por esta e sob o seu olhar atento. No dia marcado pelo traficante, deslocava-se no seu barco ao alto mar, para fazer o transbordo da droga. Com ele, levava sempre um indivíduo da confiança do traficante, para que não surgisse qualquer suspeita. Quando chegava a terra, estava já alugado um armazém, onde a droga era guardada. No dia em que os compradores a iam buscar, aparecia a PJ e apanhava-os em flagrante delito. O agente encoberto escapava. "Somos dez ou onze a fazer isto", contou, dizendo que não só conhece os outros, como conhece carros e casas utilizadas para armazenagem da droga.
Rios de dinheiro
"Vamos a Espanha, ou onde calha, e fazemos publicidade à capacidade que temos para fazer o serviço. No fundo, é enganá-los", afirmou. Por cada serviço que arranjava, recebia 50 mil euros da PJ e 500 mil dos traficantes. "A nossa motivação é o dinheiro", assumiu, revelando ter enriquecido com aquela actividade. Está preso desde o ano passado, mas garante ter a certeza de que os métodos continuam a ser os mesmos e os agentes provocadores, como ele próprio garante ter sido, também.
Alfredo é também testemunha de Rui Nunes, um traficante a cumprir mais de 20 anos de cadeia, na sequência de dois processos que tenta reabrir, por desconfiar ter sido "vítima" de um provocador.
in Jornal de Notícias
O ex-pescador tem testemunhado em alguns julgamentos de tráfico de droga, onde relata os métodos utilizados pela Judiciária e aponta o nome de inspectores em concreto. Aliás, segundo afirma, apresentou queixa junto da Procuradoria Geral da República e já foi chamado a depor, no Ministério Público.
Contactada pelo JN, a PJ recusou qualquer comentário sobre acções encobertas, alegando "o melindre da questão e a necessidade de reserva".
Numa audiência, em Odemira, Alfredo contou que tudo começou no início de 90, em parceria com a PJ de Setúbal. Alfredo ia a Espanha, fazia-se passar por um grande traficante e dizia ter meios de transporte, designadamente barcos. "O mais difícil no tráfico de droga é o transporte", explicou. Consumado o negócio, avisava a PJ e a partir daqui tudo era controlado por esta e sob o seu olhar atento. No dia marcado pelo traficante, deslocava-se no seu barco ao alto mar, para fazer o transbordo da droga. Com ele, levava sempre um indivíduo da confiança do traficante, para que não surgisse qualquer suspeita. Quando chegava a terra, estava já alugado um armazém, onde a droga era guardada. No dia em que os compradores a iam buscar, aparecia a PJ e apanhava-os em flagrante delito. O agente encoberto escapava. "Somos dez ou onze a fazer isto", contou, dizendo que não só conhece os outros, como conhece carros e casas utilizadas para armazenagem da droga.
Rios de dinheiro
"Vamos a Espanha, ou onde calha, e fazemos publicidade à capacidade que temos para fazer o serviço. No fundo, é enganá-los", afirmou. Por cada serviço que arranjava, recebia 50 mil euros da PJ e 500 mil dos traficantes. "A nossa motivação é o dinheiro", assumiu, revelando ter enriquecido com aquela actividade. Está preso desde o ano passado, mas garante ter a certeza de que os métodos continuam a ser os mesmos e os agentes provocadores, como ele próprio garante ter sido, também.
Alfredo é também testemunha de Rui Nunes, um traficante a cumprir mais de 20 anos de cadeia, na sequência de dois processos que tenta reabrir, por desconfiar ter sido "vítima" de um provocador.
in Jornal de Notícias
Sem comentários:
Enviar um comentário