quinta-feira, maio 15, 2008

Anticorrupção exige dinheiro

Um especialista britânico considerou, ontem, que é "ingenuidade" um país pensar que pode enfrentar eficazmente a corrupção sem gastar dinheiro, considerando que a vontade política para combater este crime não se deve limitar aos períodos eleitorais.

"É ingénuo um país pensar que pode combater a corrupção sem gastar dinheiro, dinheiro que é proveniente dos impostos, fundos votados no Parlamento", disse Bertrand Speville à margem da sessão de abertura do 2.º encontro de agências anticorrupção, que decorre em Lisboa. Segundo Speville, que faz aconselhamento para vários governos em matérias anticorrupção, se os países não estiverem preparados "para gastar fundos públicos substanciais na luta contra a corrupção, mais vale nem começar".

O especialista, que durante vários anos trabalhou na Comissão Independente contra a Corrupção de Hong Kong, apresentou sete pontos "essenciais" para obter sucesso na luta contra a corrupção, uma lista onde surge à cabeça a vontade política. Speville sustenta que para um país combater eficazmente a corrupção precisa de vontade política "persistente".

"Frequentemente, a vontade política existe apenas durante um curto espaço de tempo, em regra por parte de governos recentes, eleitos com base em promessas de que lidariam com a corrupção", disse. O especialista apontou, ainda, a necessidade de existir legislação "clara" e uma estratégia assente na investigação, prevenção e educação para combater um "problema sério e global". "É preciso fazer prevenção, analisar os sistemas e as instituições e ver onde existem oportunidades de corrupção para as eliminar", referiu. Defendeu a criação de agências especializadas com poderes de investigação, prevenção e educação para liderar o combate à corrupção, sustentando que se a sua criação tiver como objectivo apenas substituir a polícia "acabarão por falhar".

in
Jornal de Notícias.

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