"Nesta quadra natalícia e no dealbar de um novo ano, vale a pena repensar o sentido e o alcance de ser Juiz nos dias de hoje. Ser Juiz não é apenas uma função social de dizer o Direito (jus dicere), o que estará ao alcance de todo o jurista competente.
Não é somente definir o direito nos casos submetidos ao tribunal, impor o cumprimento de obrigações, sancionar condutas ou aplicar penas, condenar ou absolver. É isso também, mas é muito mais! É entender a sociedade, ter a imprescindível ponderação e bom senso para dirimir litígios, apreciar e valorar a prova, hipervalorizar o acto conciliatório preferindo-o à sentença, sempre que tal se mostre mais adequado e eficaz para a harmonia inter-partes.
Ser Juiz não é apenas saber lidar com processos, é entender as pessoas e os seus problemas, por forma a que a Justiça não seja letra morta, mas vivificante bálsamo consolador para quem, tendo efectivamente a razão do seu lado, espera do tribunal o reconhecimento dessa razão em tempo que não a torne um valor inútil. É esta mundividência e esta polivalência que a sociedade contemporânea espera do Juiz de hoje."
Dr. Álvaro Rodrigues (Juiz Conselheiro), in Correio da Manhã.
1 comentário:
Infelizmente não é isso que o meu relacionamento infeliz (passo o pleonasmo) com os tribunais portugueses tem demonstrado.
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