segunda-feira, outubro 15, 2007

Tribunais do trabalho não têm acessos para cidadãos deficientes

Cinco tribunais não estão preparados para receber pessoas com deficiência

Um deficiente que entre no tribunal de trabalho do Porto, Gondomar, Abrantes, Aveiro ou Braga vai confrontar-se com sérias dificuldades de deslocação para um andar superior do edifício. Isto porque estes tribunais não têm elevador e não têm as condições necessárias para a entrada e saída de cadeiras de rodas.

A denúncia é feita pela Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP), que prepara agora as conclusões do estudo "Organização, Funcionalidade e Segurança nos Tribunais Portugueses de Primeira Instância". Exemplo concreto deste facto são os tribunais de trabalho de Gondomar e Abrantes, em que as pessoas com deficiência ou mobilidade limitada são transportadas, na maior parte das vezes, ao colo pelas escadas. No caso de Gondomar chega a ser necessário algumas vezes chamar os bombeiros devido à escada de caracol que existe no edifício.

"Os tribunais de trabalho apresentam condições totalmente hostis e humilhantes para os utentes que, na sua maioria, são sinistrados de acidentes de trabalho, com mobilidade limitada", pode ler-se no documento a que o DN teve acesso. "Este caso é preocupante porque estamos a falar de julgamentos cujos queixosos são sinistrados de acidentes de trabalho", explica António Martins, presidente da ASJP, ao DN. No caso do Porto, os problemas são ainda mais flagrantes porque o tribunal está dividido em cinco edifícios diferentes, situados na mesma Avenida da Boavista, mas em prédios alternados, o que obriga a que o transporte dos processos seja feito à mão e pela rua, dado que os juízes não trabalham todos no mesmo edifício dos funcionários.

A análise feita pela ASJP é o resultado de um inquérito feito a 676 juízes em todo o País, num universo de 142 tribunais e 2481 funcionários judiciais.
Por Filipa Ambrósio de Soura, in DN Online.

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